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Sociabilidades: da demografia às mudanças culturais As dinâmicas sócio- económicas dos espaços rurais do Continente Português Que Actores para o Desenvolvimento Rural? As Relações da Ruralidade Periférica com a Investigação Agrária e o Desenvolvimento Tecnológico Políticas Sociais e o Rural. O Rendimento Mínimo Garantido Proximidade, Direitos de Propriedade e Reestruturação dos Territórios Rurais Novas orientações do Desenvolvimento Local em Meio Rural na UE e em Portugal O Desenvolvimento Rural em Portugal: dos discursos à prática Contributos para uma Intervenção Territorial e de Contrato A Economia e a Sociologia Rural na Programação do INIA
As dinâmicas sócio- económicas dos espaços rurais do Continente Português Barros, V. C. INIAP/ Estação Agronómica Nacional/ DEEESA.vcbarros@mail.telepac.pt Ventosa está intimamente vinculada à região, porquanto é no seu espaço que se localiza o Monte Alafão, que dá o nome a esta região natural – Lafões. Trata-se de um espaço de baixa densidade demográfica, cerca de 50 habitantes/km2, vivendo os seus habitantes dispersos por cerca de duas dezenas de aldeias e lugares, cada um dos quais possui a sua mancha agrícola em socalcos. Predomina a pequena agricultura familiar (área média de 2 ha, fragmentada em 10 prédios), pluriactiva, constituindo a produção de carne de qualidade a principal actividade. A floresta, mista de resinosas e folhosas, constitui a maior ocupação territorial. Predominam os baldios geridos pela Junta de Freguesia e por Conselhos Directivos, sendo a restante área pertença de pequenos proprietários, uns habitando na freguesia, encontrando-se outros a residir no exterior. A agricultura já não constitui o principal sector empregador. A maioria dos residentes com actividade trabalha fora da freguesia, no concelho e mesmo em concelhos vizinhos, em actividades não agrárias. A partir deste retracto territorial e demográfico questionar-se-á a viabilidade do desenvolvimento futuro desta comunidade e deste espaço. Em primeiro lugar, tecer-se-ão considerações em torno de uma eventual mudança de paradigma: da crise do mundo rural e da exploração agrícola familiar ao renascimento do rural e, com este, às estratégias de vida dos que aí permanecem. Em segundo lugar, abordaremos um conjunto de políticas públicas de desenvolvimento rural, diferenciadas do passado recente, capazes de dar resposta a aspectos fundamentais deste tipo de problemáticas. Concretamente, referir-nos-emos à promoção da multifuncionalidade, ao apoio à pequena agricultura pluriactiva, à utilização de marcas territoriais, aos sapadores florestais, à gestão sustentável da floresta. Em terceiro lugar, tratar-se-á a questão da diversificação da economia rural, enunciando alguns dos riscos a ter em conta numa lógica de sustentabilidade dos investimentos a efectuar nas zonas rurais. Por último referiremos a possibilidade futura de novas políticas em favor de regiões menos favorecidas.
Que Actores para o Desenvolvimento Rural? Veiga, J. F. F. Direcção Regional de Agricultura do Alentejo. Quinta da Malagueira, Apartado 83 7002-553 Évora; tel. 266757809;jfveiga@draal.min-agricultura.pt No contexto actual de grande incerteza e instabilidade é possível encontrar no espaço rural respostas diferentes, mesmo em condições estruturais à partida similares. Espaços de baixas densidades demográfica e de actividades económicas que vêm obtendo êxitos nos processos de integração e desenvolvimento, a par de outros espaços que definham e caminham para o abandono e desertificação. Como explicar estes percursos tão diferentes? Parte importante da explicação terá de ser encontrada na acção dos diferentes actores sociais, locais e não locais com influência no local, nas estratégias que formulam e nas associações que constróem para alcançar os seus objectivos. Partindo de um estudo de caso elaborou-se uma tipologia dos actores sociais em duas fases. Primeiro, classificando as diferentes posições estruturais. Segundo, agregando os tipos definidos (categorias analíticas estruturais) em novos tipos, função da acção e comportamento estratégico dos actores. Os resultados a que se chegou mostram que é possível encontrar no mesmo espaço local estratégias: conservadoras e inovadoras, defensivas e ofensivas, endógenas e exógenas, sustentáveis e insustentáveis (em termos ecológicos), formuladas por actores sociais, locais e não locais com influência no local, mesmo dentro da mesma categoria analítica estrutural. É a partir da configuração local específica de actores, estratégias, associações, relações sociais e fluxos económicos, que será possível obter novas explicações para o desenvolvimento (ou não desenvolvimento) dos espaços rurais.
As Relações da Ruralidade Periférica com a Investigação Agrária e o Desenvolvimento Tecnológico Reis, P. S.1 & Berjano, M.2 INIAP – Instituto Nacional de Investigação Agrária e das Pescas Os pólos e redes de excelência, pela sua exigência de massas críticas, originam a concentração de recursos em determinadas instituições e centros geográficos. Por outro lado, a difusão do conhecimento científico e tecnológico e a transferência mais célere para o tecido produtivo, e para a sociedade em geral, impõe a dispersão geográfica dos agentes intervenientes nestes processos. A partir das parcerias formadas nos projectos de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico dos programas PAMAF-IED5 (QCA II) e AGRO 8.16 (QCA III) é feita uma análise das alianças estratégicas entre as entidades produtoras de conhecimento e os potenciais utilizadores dos resultados obtidos. De facto, em ambos os programas, apesar da natureza dos projectos ser diferente, existe a preocupação central em fomentar a transferência do conhecimento gerado para os seus potenciais utilizadores. Neste âmbito, as formas de divulgação utilizadas pelos beneficiários adquirem uma importância extrema, sendo os veículos privilegiados para a transmissão da informação produzida, demonstrando a sua aplicabilidade e propiciando a sua utilização futura. Assim são apresentadas, por um lado, uma análise espacial da execução dos projectos, instituições envolvidas e resultados esperados, no contexto regional e suas dinâmicas e, por outro, uma panorâmica da dimensão e formas de divulgação do conhecimento utilizadas.
Políticas Sociais e o Rural. O Rendimento Mínimo Garantido Carlos Cabral Depois de um período experimental entrou em funcionamento em 1997 o Rendimento Mínimo Garantido Nesta comunicação iremos analisar a aplicação desta nova medida , usando como unidade o concelho e a caracterização dos concelhos do continente em rural agrícola, rural assente na industria e serviços, rural de baixa densidade e rural urbano resultado do trabalho. de Novais, A; Lourenço, F; Baptista, F ;(2000) Portugal (Continente)- Uma leitura do rural DEASR/ISA, Doc. de Trabalhonº18.Lisboa. Analisa-se também a aplicação do RMG nos Açores e Madeira. Para mais informações por favor contacte o(s) autor(es)
Comunidades em Espaços Rurais Periféricos. Análise das condições da sua reprodução económica e social a partir de um estudo de caso Lourenço, F. A. S. Departamento de Economia Agrária e Sociologia Rural (ISA/ UTL). As análises demográficas que têm vindo a ser realizadas nos países do Sul da Europa são concordantes na constatação do decréscimo populacional verificado na grande maioria dos municípios rurais (com menos de 2.000 habitantes e isolados), e na associação dessa evolução demográfica ao contexto económico e geográfico em que se encontram inseridos e à menor abertura que manifestam face ao exterior. A evolução demográfica destas comunidades mais economicamente marginais - marcadas pela permanência da regressão demográfica, pelo envelhecimento das populações e por uma larga dependência destas relativamente a rendimentos exteriores (pensões de reforma e da segurança social, poupanças de emigrações anteriores, apoios familiares) - tem sido, até recentemente, contrariada, em maior ou menor grau, pela criação de emprego (frequentemente fora do espaço do município), no sector de serviços, dominantemente providenciado pelo Estado e pelas Instituições de Solidariedade Social, e nas industrias e comércio tradicionais, em particular as actividades ligadas à construção civil. O estabelecimento de novos residentes de origem urbana e a proliferação de residências secundárias parecem, por outro lado ser, em muitos casos, factores significativo de mudança na orientação dos fluxos demográficos e de animação económica e social, a que se junta, com maior ou menor periodicidade a visita de familiares residentes em lugares mais ou menos longínquos. De qualquer forma, a evolução demográfica e a mudança morfológica dessas comunidades, processos que ainda não encontraram ainda o seu termo, determinarão os novos equilibrios que, seguramente diminuídas na sua dimensão e com uma muito maior ligação ao exterior, encontrarão no futuro. Nalguns casos, as baixas densidades demográficas atingidas porão em causa a própria existência da comunidade enquanto tal. A presente comunicação utiliza os dados preliminares do estudo de uma freguesia do interior do Continente português (parte de um projecto de investigação mais vasto - Projecto AGRO n.º 62, em curso de realização), para reflectir, tendo como referência as orientações recentes nos estudos dos espaços rurais, sobre as condições de reprodução e a evolução de uma pequena comunidade (551 habitantes) com muitas das características acima enunciadas. Para documento completo contactar o(s) autor(es)
Dinâmicas Sócio - Económicas dos Espaços Rurais em Portugal. Entre o Mar e a Serra: Tôr, uma Aldeia do Barrocal Coelho, I. J. S. INIAP O estudo da aldeia da Tôr, situada no Barrocal Algarvio, concelho de Loulé, insere-se num projecto de investigação mais vasto sobre as dinâmicas socioeconómicas dos espaços rurais no Continente Português. As fases já desenvolvidas da investigação ainda não permitem avançar, de forma consistente, com análises comparativas das evoluções operadas nos diversos espaços do mundo rural, a nível nacional. Pelo que constitui objectivo central desta sumária comunicação apresentar as ideias essenciais relativas: 1. ao enquadramento da freguesia de Tôr nos espaços rurais do Continente Português. 2. ao enquadramento da aldeia, que constitui o objecto de estudo, nos espaços rurais algarvios. 3. às linhas de evolução contrastada das sociedades rurais no litoral, na serra e no barrocal, zona de transição entre as duas primeiras. 4. à caracterização social e económica das populações que vivem na aldeia, umas desenvolvendo actividade(s) económica(s) no espaço da aldeia e outras com actividade fora da freguesia, mas aí habitando. 5. à identificação das diferenças mais relevantes que diferenciam a freguesia da Tôr em relação à freguesia de Querença, à qual pertenceu até que se tornou freguesia independente em 1997. 6. a hipóteses que explicam as diferenças de evolução operadas nas relações de uso das populações de cada freguesia com espaços que as compõem e que, em princípio, estão na base da decisão de “rotura” entre as duas freguesias. Conclui-se com a discussão sobre a condução futura do estudo.
Proximidade, Direitos de Propriedade e Reestruturação dos Territórios Rurais Rodrigues, O. Escola Superior Agrária de Bragança. orlando@ipb.pt Nesta comunicação sustenta-se que a reconfiguração dos padrões demográficos em meio rural, marcados, de um modo geral, por uma concentração da população em aglomerados de dimensão superior às comunidades de aldeia, gera uma alteração significativa das relações de proximidade aos recursos naturais. A aldeia perde importância na estruturação do local (social, simbólica, económica), transferindo essas funções para uma comunidade urbana mais concentrada e de escala superior. O uso dos recursos naturais deixa de ser mediado por relações de proximidade quotidiana e compatibiliza-se com o afastamento e a concentração temporal de tarefas. Nos novos modos de vida, a relevância da proximidade às infra-estruturas urbanas sobrepõe-se claramente à da proximidade aos recursos naturais. Como consequência, a configuração dos direitos de propriedade sobre a terra e os recursos naturais altera-se. Situações de abandono de direitos ganham continuidade espacial, abrindo possibilidades de concentração social desses direitos e de posse por parte de novos agentes. Discutem-se, depois, algumas hipóteses relativamente à reestruturação do uso da terra, da paisagem e dos territórios rurais em consequência daquela reconfiguração dos direitos de propriedade. Para documento completo contactar o(s) autor(es)
Novas orientações do Desenvolvimento Local em Meio Rural, Moreno, L. Universidade de Lisboa – Centro de Estudos Geográficos (CEG).l.moreno@netcabo.pt Aborda-se o Desenvolvimento Local (DL) como processo e instrumento essencial para a promoção do Desenvolvimento Rural em qualquer dos países europeus. Enquadramos a questão com algumas considerações gerais sobre as condições histórico-culturais e estruturais de vários destes países, aspectos que antecedem e marcam a forma como cada um deles “interpreta” o DL em Meio Rural (DLMR), tanto pela incidências governamentais (nacionais, regionais, locais) como pelas parcerias inerentes à participação da sociedade civil organizada. O PIC LEADER, pela sua importância cimeira no “processo DLMR”, é o recurso-tema que mais valorizamos para problematizar as novas orientações do DL, tanto mais que nos permite fazer a ligação comparativa entre certas realidades europeias e a especificidade portuguesa. Em especial no âmbito do LEADER+, a questão da inovação social em meio rural torna-se matéria de alguma controvérsia, à medida que o mainstreaming / integração se tende a associar a uma excessiva funcionalização e burocratização, implicando um certo estreitamento das perspectivas de intervenção. Se a criatividade social se pode limitar por esta via, ela também não é potenciada onde se colocam limitações sérias à estruturação formalizada para a integração, o que se acentua especialmente nos meios em que as afectações de recursos financeiros e humanos se fazem por pressões de carácter sectorial e/ou onde severas debilidades e inércias tolhem a iniciativa e restringem a captação / retenção de recursos. Em Portugal, vários dos desafios que se colocam ao processo de DLMR têm originado respostas múltiplas, que incluem actuações em rede e em parceria, com recurso a diferentes programas, tanto de iniciativa comunitária (PIC) como nacionais. O envolvimento da “rede animar” e de alguns dos seus membros é utilizado como recurso ilustrativo de diversas “fórmulas” / fontes de recursos para promover o DL, numa perspectiva de sustentabilidade, a qual torna pouco pertinente qualquer possível circunscrição ao “rural”. Para documento completo contactar o(s) autor(es)
O Desenvolvimento Rural em Portugal : Carneiro, I. F I.S.C.T.E. / Câmara Municipal de Loures.ifc@sapo.pt Os territórios rurais têm uma história económica e uma estrutura que resultam do uso da terra pela agricultura e pela floresta e de actividades industriais que utilizam a força de trabalho rural e/ou os recursos naturais rurais. No entanto, a regressão da agricultura e o aumento da importância do plurirendimento e da pluriactividade, a importância da indústria, o desenvolvimento de actividades residenciais e recreativas, bem como o crescimento do interesse social pelos bens rurais e da natureza, têm modificado grandemente o funcionamento económico e social desses espaços. Na realidade, se parecia assistir-se a uma “lenta morte” do mundo rural, hoje, em consequência do potencial de desenvolvimento do processo de multifuncionalidade dos espaços rurais, perspectivam-se novas formas de vivência capazes de o dotar de uma nova vida. A principal consequência desta profunda mudança, nomeadamente a verificada nos espaços rurais europeus e portugueses, foi o surgimento de uma forte heterogeneidade dos espaços rurais, heterogeneidade essa que reclama políticas de desenvolvimento diferenciadoras, que respeitem as potencialidades e dificuldades endógenas de cada território. A metodologia proposta pelo Desenvolvimento Local em meio rural chama justamente a atenção para as características particulares de cada território, para a necessidade de fomento das potencialidades endógenas, bem como para o cuidado de não aplicar políticas homogeneizantes e padronizadas, o que pressupôs uma forte inovação nas perspectivas de desenvolvimento até aqui aplicadas. No entanto, será que podemos falar de uma política de desenvolvimento rural europeia, orientada pelos princípios do Desenvolvimento Local? Pretende-se, com esta comunicação, perceber os caminhos do Desenvolvimento Rural no nosso País, através da análise do discurso adoptado pelos dois actores institucionais que interferem directamente na elaboração das medidas de Desenvolvimento Rural vigentes no nosso país, a União Europeia e a Administração Portuguesa. Mas será também interessante perceber até que ponto os princípios declarados no discurso para o mundo rural, europeu e português, estão, na realidade, contemplados nas linhas de acção destes dois actores institucionais. Neste sentido, é inevitável analisar a filosofia e a metodologia do único programa destinado ao Desenvolvimento Local em meio rural vigente em Portugal, o Programa LEADER, a fim de perceber até que ponto os seus princípios- base contemplam as principais linhas de orientação do conceito de Desenvolvimento Rural, numa tentativa de dar conta das possíveis contribuições que a experiência adquirida pela acção deste programa, possa trazer às futuras políticas de desenvolvimento rural no nosso país, e particularmente à elaboração de um Política de Desenvolvimento Rural em Portugal. Ainda que a metodologia proposta pelo Desenvolvimento Local seja sedutora, e que os resultados do Programa LEADER verificados em Portugal façam crer que o Desenvolvimento Rural possa ser o caminho a percorrer, Portugal parece ainda resistir a tomar como prioridade da sua estratégia nacional de desenvolvimento, as zonas rurais e os seus, graves, problemas.
Contributos para uma Intervenção Territorial e de Contrato Guerreiro, H. Taipa, Crl. Telf. 283 320 020 – Fax. 283 320 029. Helder.guerreiro@taipa-desenvolvimento.pt O desenvolvimento de espaços rurais, marginais e de baixa densidade demográfica necessita de uma intervenção territorial (considerando um território geográfico de intervenção sem que o mesmo se considere fechado), integrada (considerando as diferentes necessidades, estrangulamentos, oportunidades e potencialidades numa lógica territorial de fileira e não sectorial) e de contrato (considerando os diferentes usos do espaço e os diferentes saberes importa estabelecer laços de concertação entre os actores locais numa perspectiva de uso sustentável desse espaço). Ainda dentro da perspectiva de desenvolvimento rural importa considerar a paisagem rural pois esta é, por definição, resultado visual dos usos que as diferentes actividades humanas e naturais deram a um determinado espaço, como tal, tem uma carga cultural muito forte e, individualmente, representa a ligação ou a apropriação do homem ao/pelo seu espaço (habitat) de origem. Se, ao abandono de actividades ancestrais correspondem alterações profundas no uso dos espaços, por conseguinte na paisagem, essas mesmas alterações não podem ser completamente dissociadas dos fenómenos de despovoamento que ocorrem nesses mesmos espaços, por falta de ligação entre o homem e a representação visual do seu espaço. Hoje o desenvolvimento destes espaços obriga a uma nova perspectiva, não uma perspectiva fatalista de completo despovoamento dos espaços, que, muitas vezes origina tentativas erradas e estéreis de repovoamento e de valorização de um património abandonado e vazio. Importa olhar para os espaços rurais numa perspectiva positiva de “Desenvolvimento de Baixa Densidade”, onde os espaços são providos de vida e dinâmica. Neste contexto deve considerar-se que a tradição não é um conceito estático, muito pelo contrário, a história diz permanentemente que a tradição é mudar, é dar novos usos aos espaços. Decorrente dessa ideia surge a proposta estratégica de implementar um centro de valorização da paisagem rural onde se pretende congregar toda a perspectiva anteriormente exposta, numa única intervenção. Esta designação tem como suporte fundamental seis eixos (I&ED; Formação; Organização da Oferta; Produção; Intervenções Estruturantes; Serviços de Apoio) que se consubstanciam em actividades interligadas entre si, formando uma rede de intervenções que procuram produzir um efeito, tal como na paisagem, donde apenas é dado ao observador externo o resultado global. Até ao momento, esta proposta de estratégia, integra directamente 35 Agricultores, todos originários do território de intervenção correspondente à área administrativa de nove freguesias do interior do Concelho de Odemira, na costa Sudoeste Alentejana de Portugal. Este território de intervenção tem uma densidade populacional de aproximadamente 9 Hab./Km2, tem uma elevada percentagem de analfabetismo (50% dos agricultores não têm qualquer tipo de escolaridade e mais de 40% só tem o ensino básico) e apresenta uma pirâmide das idades praticamente invertida (a faixa etária predominante é exactamente a que tem uma idade superior a 65 anos, com uma percentagem superior a 40% do total de produtores). A partir do envolvimento efectivo destes agricultores, no eixo organização da oferta, trabalhar-se-ão os restantes eixos da proposta estratégica, considerando que toda ela assenta sobre as novas tendências de revisão da PAC, onde a perspectiva de novas oportunidades de desenvolvimento rural têm na Multifuncionalidade da Agricultura o reconhecimento de que a agricultura desempenha uma função económica (produção), uma função social (fixação da população e promoção do emprego), uma função ambiental (preservação dos recursos), uma função patrimonial (preservação do património cultural, edificado e genético), uma função estética (preservação da paisagem) e uma função recreativa e pedagógica (relação espaço rural - urbano)7 e muito concretamente deve ser paga para desempenhar/manter essas funções. Desta intervenção integrada destaca-se, neste momento, a implementação de um trabalho que procura reunir e organizar as produções marginais (hortícolas, frutas e ovos), e transformá-las em oportunidades geradoras de receitas suplementares para estas famílias de agricultores, constituindo um circuito curto de comercialização sob a forma de um cabaz, a que chamámos Cabaz da Horta. O cabaz surge porque permite, para além de vender os produtos, valorizar a sua qualidade, o seu modo de produção e quem os produz aproximando o consumidor do produtor. Sem intermediários pelo meio aos consumidores será permitido e promovido o contacto com as explorações e com os produtores por forma a que desta troca comercial nasça uma troca de saberes e, porque não dize-lo, nasçam novas oportunidades de relacionamento entre os espaços urbanos e rurais. Tratando-se de uma formula já utilizada noutros espaços, esta experiência traz uma nova dimensão ao assentar sobre uma abordagem territorial (as explorações estão concentradas sobre dois vales) e colectiva, como seja, um grupo de produtores com um grupo de consumidores (em todos os casos conhecidos trata-se do relacionamento entre um produtor com um grupo de consumidores) para além de este relacionamento assentar num contrato (Consumidores/Produtores) que prevê o cumprimento de três dimensões inovadoras: Ambiental (Transição colectiva para agricultura biológica e reintrodução de variedades regionais de plantas); Social (Inserção de jovens agricultores); Económica (Valorização qualitativa de uma agricultura sustentável). Iniciada à cerca de um ano, esta estratégia desenvolvida pela Taipa – Organização Cooperativa para o Desenvolvimento Integrado do Concelho de Odemira em parceria directa com a Direcção regional de Agricultura é financiada no âmbito da Medida Agris, Acção 8 – Dinamização do Desenvolvimento Agro- Florestal e Rural.
Dos conflitos político- militares aos conflitos de terra em Manica: os camponeses entre o Estado e o mercado Raposo, I Entre 1989 e 1991, nos últimos anos da guerra civil de Moçambique, durante seis meses, percorri algumas aldeias do distrito de Manica, no quadro da pesquisa de campo para a minha tese de doutoramento. Em Setembro de 2003, doze anos volvidos, decidi revisitar essas gentes e lugares. Nesta comunicação, pretendo dar conta de alguns aspectos das transformações observadas no terreno que não podem ser dissociadas das mudanças dos paradigmas teóricos de abordagem e de intervenção naquela realidade. No início da década de 1990, o país vivia a passagem de uma economia planificada para uma economia de mercado ainda no quadro da fusão partido único/Estado e era duramente dilacerado pela guerra civil condicionalismos com impacto decisivo na (des) estruturação territorial, habitacional e sócio- económica em meio rural. Neste início do milénio, a liberalização da economia enquadradas pelas políticas do FMI e do BM e o multipartidarismo afirmam-se e deixam marcas bem visíveis na transformação da ocupação do território, na organização habitacional e sócio- económica e na estrutura fundiária: o povoamento volta a dispersar-se, a actividade mercantil fervilha, acentua-se a desigualdade, multiplicam-se os conflitos de terra entre privados e camponeses e emerge novo tipo de actores que interagem em função dos seus interesses: para além da administração pública central e local, o(s) partido(s), os privados, as organizações não governamentais, as associações locais e as comunidades camponesas. Para documento completo contactar o(s) autor(es)
A Economia e a Sociologia Rural na Programação do INIA Carlos Amaral INIAP-EAN. Cm.amral@mailtelepac.pt Os temas de economia e sociologia têm constituído uma componente permanente das actividades de I&D desenvolvidas pelo INIA, integrando todas as programações anuais desde a inicial, em 1976. Na presente comunicação, partindo do levantamento dos projectos que têm sido realizados, procura-se retractar a respectiva evolução entre 1976 e 2002. Assim, pondera-se a importância que foram tendo no conjunto das actividades do INIA, estimam-se os recursos humanos que envolveram e os financiamentos que absorveram e avaliam-se os resultados obtidos através da quantificação bibliométrica dos trabalhos escritos referenciados nos relatórios finais dos projectos terminados. A evolução das temáticas dos projectos é objecto de análise procurando-se salientar as transições e inflexões que foram acompanhando as modificações operadas no mundo rural e que foram sendo reflectidas na programação do INIA, através das orientações e prioridades definidas institucionalmente mas, sobretudo, pela iniciativa dos investigadores na formulação das suas propostas de investigação. 1 Excluímos dos Sítios Classificados e os Monumentos Naturais pela sua dimensão reduzida. Porque criados após 1997 não constam da base de dados o Parque Natural do Douro Internacional; o Parque Natural do Tejo Internacional e as Reservas Naturais das Lagoas de Santo André e da Sancha. 2 Dissertação de mestrado subordinada ao tema “O Sistema de Comercialização de Castanha da Terra Fria Transmontana e Sua Cadeia de Valor”, 2003. 3 “En la resbalizada pendiente de la cultura de la simulación, la función de la imagen pasa a reflejar la realidad a enmascararla y pervertirla. Una vez que se ha eleminado la realidad misma, todo aquello con lo que nos quedamos es sólo un mundo de imágenes, de hiperrealidad y simulacro puro. […] Todo o que existe es imagen. Todo se traslada a un terreno estético y se valora por su apariencia. El mundo se ha estetizado.” Neil LEACH, op. cit., p. 20. 4 “Como el proprio Baudrillard escribe: ‘El arte, hoy en día, ha penetrado totalmente en la realidad…La estetización del mundo es completa’” Neil LEACH, op. cit., p. 20. 5 Programa de Apoio à Modernização da Agricultura e Floresta integrado no II Quadro Comunitário de Apoio. Os projectos aqui referidos são os aprovados no âmbito da Acção 4.1 – Investigação, Experimentação e Demonstração, gerida pelo Instituto Nacional de Investigação Agrária e das Pescas (INIAP). 6 Programa Operacional Agricultura e Desenvolvimento Rural integrado no III Quadro Comunitário de Apoio. Os projectos aqui referidos são os aprovados no âmbito da Acção 8.1 – Desenvolvimento Experimental e Demonstração, da qual o INIAP integra a Estrutura Específicade de Apoio Técnico. 7 INDE/Célula de animação da rede Portuguesa LEADER II, Caderno temático IX.
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